quarta-feira, 31 de julho de 2013

Justiça < Mídia = bandidos?

No final de junho uma jovem de 14 anos foi assassinada no Paraná. A mídia repercutiu o caso, houve grande reação popular e poucos dias depois a polícia apresentou quatro suspeitos.
Daí, a mídia os processou, julgou e condenou.
Ora, para que serve o sistema Judiciário, então?

O G1 (Globo) e sua filiada RPC publicaram no dia 26/06: “Corpo de adolescente morta por funcionários de parque é encontrado”. Ou seja, ela afirma que os suspeitos eram os assassinos. Sentenciou.
A Globo, SBT, Band e Record seguiram a mesma linha acusatória. O apresentador Paulo Roberto Galo da Rede Massa (filiada do SBT) perguntou o que fazer com os quatro suspeitos: “Corta? Capa? Mata? Pena de morte?”.
Nas ruas, moradores tentaram linchar os quatro. Na internet, sobram comentários do tipo “mata esse filha da puta”, “não poderia existir cadeia para esses monstros e sim pena de morte”, “quero pena de morte neste paiz”, “vão queimar vivos no inferno esses monstros...Deus console o coração dessas famílias”.

Só que tem um detalhe: mais alguns dias de investigação e atuação da “turma dos Direitos Humanos” revelaram que os quatro foram torturados pela polícia e obrigados a confessar um crime que supostamente não cometeram. Como também o sêmen encontrado nas roupas da vítima não era de nenhum dos suspeitos, eles foram liberados e agora estão refugiados em outro estado, sob proteção à testemunha.
Aí eu pergunto: com que direito a mídia se apropria do poder de processar, julgar e condenar pessoas? Esses foram, a princípio, inocentados. E os tantos em que o processou só julga inocência tempos depois. Que tipo de ressarcimento ao prejuízo de imagem eles têm? Será que algo paga o linchamento midiático que eles sofreram? Quantos suspeitos têm seu rosto exposto pelos noticiários, que nunca mais voltam pra saber se o indivíduo era culpado ou inocente, mas sua exposição como suspeito já foi suficiente para ele ficar negativamente marcado no seu trabalho, cidade ou estado?

É por essas e outras que eu sou contra a pena de morte nesse país e à favor da regulamentação e democratização da comunicação.
E, a título de informação, só nesse caso os “jornalistas” infringiram 8 artigos e 19 parágrafos do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, dentre eles: “a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos”; “respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão”; “usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime”.

Por conta dessa cobertura, o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) deu entrada junto ao Ministério Público Federal e ao MP-PR para investigar os veículos de comunicação envolvidos.

Abaixo, um vídeo publicado pelo próprio deputado, que sintetiza a cobertura, julgamento e sentença executada pela mídia:

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